BIOLOGIA DAS MOSCAS
Podemos reconhecer as moscas pela cabeça, nitidamente distinta e móvel, com dois grandes olhos facetados, isto é, como se fosse dividido em várias partes (facetas). Algumas moscas possuem o aparelho bucal com capacidade de absorver líquidos, enquanto que em outras o aparelho bucal é do tipo picador.
Apesar de algumas espécies serem nocivas, muitas são úteis na polinização de flores, decomposição da matéria orgânica, fonte de alimento para peixes, anfíbios, répteis, pássaros, etc. Além de que as espécies de Drosophila são utilizadas como animais experimentais principalmente para estudos genéticos, podendo trazer benefícios ao homem. Outras espécies são utilizadas como agentes de controle biológico de plantas daninhas bem como de insetos pragas.
A mosca dos estábulos (Stomoxys calcitrans) pode ser facilmente distinta da mosca comum, por possuir um aparelho bucal longo, como uma agulha apontada para frente, pois é uma mosca que perfura a pele dos hospedeiros para sugar sangue. Pode picar seres humanos e, eventualmente, sua picada pode ser muito dolorosa.
Há vários outros tipos de moscas menos frequentes nas residências, mas não nas cidades. Há aquelas que se alimentam de cadáveres onde também pões seus ovos (família Sarcophagidae); outras de cores metálicas (família Calliphoridae) que vivem no lixo, e preferem carne e seus derivados; ainda existem as drosófilas (moscas das frutas) e também os Tabanídeos (moscas das cachoeiras, dos cavalos ou mutucas) que picam dolorosamente.
As espécies mais importantes consideradas “pragas” são: Musca domestica, Cochliomyia hominivorax e Dermatobia hominis.
A Musca domestica é considerada uma praga urbana e é a mais importante, tendo em vista que pode transmitir organismos patogênicos (vírus, bactérias, protozoários, helmintos) que podem causar doenças no homem e em animais domésticos.
A Cochliomyia hominivorax é tanto uma praga rural quanto urbana e causa miíase obrigatória. Moscas que causam miíase obrigatória são aquelas que precisam se desenvolver sobre ou dentro de vertebrados vivos.
Já a Dermatobia hominis causa miíase obrigatória, porém é uma praga rural, pois não possui hábitos urbanos.
Alimentação das Moscas
Moscas são insetos ativos, principalmente durante o dia, e repousam a noite.
Quanto à alimentação, geralmente ingerem fezes, escarros, pus, produtos animais e vegetais em decomposição, açúcar, frutas entre outros. O alimento deve estar na forma líquida ou pastosa para que a mosca possa comê-lo. Para isso ela lança uma substância (saliva) sobre o alimento para dissolvê-lo e assim poder ingeri-lo.
Ciclo de vidas das moscas
Espécies consideradas pragas
A Cochliomyia hominivorax é tanto uma praga rural quanto urbana e causa miíase obrigatória. Moscas que causam miíase obrigatória são aquelas que precisam se desenvolver sobre ou dentro de vertebrados vivos.
Já a Dermatobia hominis causa miíase obrigatória, porém é uma praga rural, pois não possui hábitos urbanos.
Musca domestica:
As condições sanitárias influenciam na presença desses insetos no ambiente. Quanto maior a deficiência no serviço de coleta de lixo urbano ou tratamento do esterco de animais, maior a incidência da Musca domestica. O agravante é que ela pode transmitir organismos patogênicos (vírus, bactérias, protozoários, helmintos) para o homem e animais domésticos.
Vivem praticamente na dependência direta dos ambientes habitados, utilizados ou frequentados pelo homem.
Ciclo de vida:
A Musca domestica, como já foi citado, possui desenvolvimento do tipo holometábulo. Os ovos são brancos e alongados e depositados em qualquer matéria orgânica fermentável, como por exemplo, lixo ou fezes. Eles eclodem em 24 horas e liberam suas larvas. Estas passam por três estágios e são claras e movimentam-se ativamente. O alimento dessas larvas pode ser substâncias líquidas e bactérias.
Quando estão para puparem, deslocam-se para locais mais secos, por exemplo, partes mais altas do esterco ou penetram debaixo de folhas, capim ou terra fofa.
Durante a pupação, permanecem imóveis e tomam a forma de um pequeno barril de cor clara. Após a quitinização adquirem a cor castanho-escura. Essa fase dura de 4 a 6 dias no verão, e no inverno é prolongada por semanas. Vale lembrar que quanto maior a umidade e a temperatura do ambiente, mais rápido o ciclo de vida se completa.
No final, a mosca emerge da pupa através de um orifício.
Os adultos vivem por, aproximadamente, 30 dias e alimentam-se de substância animais e vegetais, principalmente os açucarados.
Cochliomyia hominivorax:
Ciclo de vida:
Os adultos só copulam uma vez, o que ocorre 5 dias após o nascimento. Após a cópula, fazem a postura dos ovos nas aberturas naturais do corpo, como narinas, vulva e ânus ou em feridas recentes e incisões cirúrgicas. A quantidade varia, em cada local, de 10 a 300 ovos aglomerados uns aos outros.
A eclosão ocorre após um período de incubação que pode variar de 12 a 20 horas e as larvas eclodidas se alimentam do tecido ao redor destruindo-o.
Após 4 a 8 dias, as larvas estão maduras e durante esse período sofrem duas mudas. Espontaneamente caem no solo e enterram-se na terra fofa ou sob folhas e transformam-se em pupas. Cerca de 8 dias depois, essas pupas originam o adulto, sempre no verão, pois no inverno a fase de pupa pode durar mais de dois meses.
Os adultos alimentam-se de néctar, suco de frutas, secreções de feridas, etc.
Problemas na Sociedade
O problema com moscas vem aumentando nos últimos 10 anos com tendência a se agravar. Os produtos químicos utilizados no controle das moscas têm sido ineficazes. Em decorrência da alta capacidade reprodutiva, seu uso constante tem proporcionado o aparecimento de indivíduos resistentes, além de contaminar alimentos como ovos e carnes.
Alguns inseticidas já deixaram de ser empregados, a exemplo do DDT, e do dimetoato, pois se tornaram ineficientes devido ao aparecimento de espécies resistentes aos mesmos. Sabe-se que um controle satisfatório sempre é obtido com um programa que integra métodos culturais, químicos e biológicos.
Médicos já informaram que as moscas podem trazer consigo grande número de doenças, entre elas a crise de diarreia, sendo que muitas são até mesmo motivo de hospitalização.
Problemas de Saúde
Assim, as moscas liquefazem o alimento sólido regurgitando sobre eles sua saliva. Após pousarem em superfícies contaminadas como o lixo, os esgotos e excreções e secreções humanas (fezes, catarro e lágrimas) esses insetos podem transmitir várias doenças como a febre tifóide paratifóide, a diarréia infantil, vermes intestinais, cólera, disenteria bacilar, distúrbios gastrointestinais e até poliomielite (paralisia infantil). Elas também são os agentes causadores da miíase.
Miíases:
Algumas espécies causam miíases, doença também conhecida por berne ou “bicheira” e caracterizada pela infestação de vertebrados vivos por larvas de dípteros que, pelo menos durante certo período, se alimentam dos tecidos vivos ou mortos do hospedeiro e de suas substâncias corporais líquidas. Dessa forma, larvas de moscas que completam seu ciclo, ou pelo menos parte do seu desenvolvimento normal dentro ou sobre o corpo do hospedeiro vertebrado, podem ser causadoras de miíases.
Existem várias classificações para miíases conforme a localização, a biologia da mosca e o tipo do tecido em que ocorre. Quanto ao local de ocorrência podem ser: cutânea, subcutânea, cavitárias (nariz, boca), ocular, anal, vaginal. Quanto as características biológicas da mosca podem ser: obrigatórias (desenvolvem-se em tecidos vivos), facultativas (desenvolvem-se em matéria orgânica em decomposição) e pseudomiíase (como por exemplo o bicho da goiaba).
Métodos de Controle - Desinsetização (Dedetização)
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Tratamento Localizado;
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Armadilha Luminosa;
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Armadilha de Eletrocusão;
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Gel Mosquicida;
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Micropulverização;
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Nebulização;
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Atomização.
O controle não é fácil de ser feito, muitas vezes exigindo medidas diferentes para cada espécie. Em geral, só se utilizam medidas de controle quando a população destes insetos alcança um número alto capaz de provocar distúrbios ou transmitir doenças. Para se avaliar a eficácia das medidas de controle utilizadas, muitas vezes é necessário fazer uma estimativa da população existente. Essa estimativa pode ser realizada com bastante segurança e eficácia fazendo-se coletas semanais, de adultos e larvas, com armadilhas e iscas apropriadas, durante um ano consecutivo. Essa estimativa nos dará uma informação do número, dos tipos e da localização dos criadouros, bem como a variação estacional das larvas e adultos, com indicação das épocas mais adequadas para se fazer o controle.
Em geral, pode-se afirmar que a deficiência dos serviços sanitários, como coleta e depósito de lixo, favorece a multiplicação dessas moscas.
O controle biológico é o mais eficaz. Entretanto, para ele ser feito, deve-se obter um estudo detalhado da biologia da mosca e seu papel no local.
Medidas preventivas
- Acondicionamento correto do lixo: dentro de sacos plásticos, em latas limpas com tampas adequadas, de preferência;
sobre estrado, para que não fique diretamente em contato com o solo;
- Não jogar lixo a céu aberto ou em terrenos baldios, pois ele atrairá moscas para o local e, consequentemente, para todas as casas da vizinhança;
- Só colocar lixo para coleta uma hora antes do coletor passar;
- Se enterrado, o lixo deve receber uma cobertura de terra compactada de no mínimo 30 cm;
- Acondicionamento correto dos alimentos (em potes ou latas bem fechadas);
- Lavagem frequente de áreas ou recipientes com qualquer tipo de resíduo orgânico (fezes de animais, restos alimentares, e outros), de forma a manter o ambiente sempre limpo;
- Não manter criações rurais em áreas residenciais.
- A aplicação de inseticidas em barbantes é um recurso muito eficaz, já que as moscas frequentemente pousam em fios. Deve-se proceder da seguinte maneira:
Preparar uma solução de inseticida líquido (Lanate, por exemplo) e açúcar; embeber barbantes e distendê-los próximos dos tetos. Substituir os barbantes ou embebê-los a cada 10 ou 15 dias ou quando o inseticida perder o efeito.
- O emprego de inseticidas nos criadouros, em geral, é caro e as moscas rapidamente adquirem resistência. Esses inseticidas também eliminam grande número de inimigos naturais, podendo, portanto, aumentar ainda mais o número de moscas.
Também conhecida como “mosca-doméstica”, esse inseto mede cerca de 6 a 8 mm. Em geral, indivíduos dessa espécie possuem cor acinzentada e abdome com reflexos amarelados.
Possui probóscide robusta e flexível que é utilizada para lamber.
Essa espécie possui distribuição geográfica mundial. É sinantrópica, ou seja, possui capacidade de se adaptar ao meio urbano, além de possuir alto índice de endofilia o que indica que é frequentemente encontrada dentro de residências urbanas e rurais.
Popularmente é conhecida como mosca-varejeira, é a mais importante causadora de miíase obrigatória. É uma mosca robusta com aproximadamente 8 mm de comprimento. Sua cor é esverdeada e possui reflexos azul-metálicos. Os olhos são de cor avermelhada e o resto da cabeça amarelo brilhante. As pernas são alaranjadas.
As larvas, já maduras, medem aproximadamente 15 mm de comprimento e possuem cor branco-amarelada.
Geograficamente essa espécie é encontrada nos EUA, nas Antilhas e em quase toda a América do Sul. São mais abundantes em climas quentes e úmidos.
As moscas sofrem metamorfose durante seu ciclo de vida. Isso significa que ocorre mudança na forma e na estrutura do corpo, como por exemplo, crescimento e diferenciação dos estados juvenis até a formação do adulto.
São insetos de desenvolvimento holometábolo: possuem metamorfose completa. Sendo assim, durante o desenvolvimento passam pelas fases de ovo, larva, pupa e adultos.
As larvas são completamente diferentes do adulto, tanto do ponto de vista biológico, como do morfológico, que se refere à forma do corpo.
A camada externa de pele das larvas se endurece devido à quitinização (deposição de quitina, um polissacarídeo insolúvel) e forma uma casca (casulo), o qual recebe o nome de “pupa”. Dentro desta começa a haver transformação para mosca adulta.
Esse estágio é intermediário entre a larva e o adulto e nele não há alimentação nem movimentação.